terça-feira, 30 de janeiro de 2018

ARTÉRIA CORONÁRIA
(Para meu namorado: Gustavo Henrique)
Cinco mensalidades Divinas
Pagas em terra, mar, salinas doces
Com moedas beijáveis
Em nossos sacrifícios louváveis.
Promessas pagas antes da dádiva
Saudade vinda antes da tua ausência
Botija dada antes do sonho
A mim, a ti, a nós
Em nossos nós (in)desatáveis.
Pavão, quem diria um dia
Em seu arco-íris de plumas
Voltado para ti somente
"Contemplado a contemplar".
Seja no ninho ou na jangada
Ambos cumplicemente silenciosos
Por vontade imprópria, lógico
Resumidos a observar, apenas
Sábias testemunhas de meus poemas
Escritos com a minha boca
Declamados em teu cangote
Que sorte teve a minha ousadia.
Uma poetisa apaixonadíssima
Escrevendo verdades em versos
Nua(s) e crua(s)!
Desafiando assim a Literatura
E assumindo repetidamente a culpa:
"Sem cura, sem cura, sem cura!"
Eu, assistindo de plateia minha felicidade
Aplaudo teus atos e em tamanho respeito
Elevo-te por ser minha artéria coronária
Aquela que tem a importante função
De oxigenar o meu coração. 💙

quinta-feira, 20 de abril de 2017

(A)PROVA(S)


És o meu maior desafio
Quesito inacabado
Matéria de extremo peso
Palíndromo versificado
Minha mais dura PROVA
É te amar, isso é fato!
Pertinente, arredio, inconsequente
És a hora desmarcada
O dia enluarado
A noite ensolarada
Um eu-lírico traiçoeiro
Tudo que a razão desa(prova)
Me colocando em constante PROVA.
À PROVA da tua degustação
Desrespeitando meu sim e meu não
Deixando sem ação minha estrutura emocional
Tal qual num texto um ponto final.
A loucura vem e em mim faz morada
Como se eu fosse uma mera desqualificada
A rotina foge à retina
Quando você se aproxima
Camisa de força não me segura
Não paro nem sob tortura
Ou requintes de crueldade
Não me importa a imposta maldade
Fujo de qualquer realidade
E uma dúvida me apavora:
"Será que queres uma santa
Ou desse jeito insano tu me (A)PROVA(S)?".


(Sylvia Beltrão)

sábado, 11 de março de 2017

ESPELHO

Durante uma aula de literatura, falei para meus alunos que não faço o uso da "inspiração" na hora de escrever meus poemas, utilizo a motivação e o domínio da técnica.
Imediatamente, uma aplicada aluna resolveu me testar e lançou o seguinte desafio:
- Então, faça um poema agora!
- Faço!
- Mas tem que ter um título escolhido por nós!
- Fechado!
Depois de muito pensarem, me deram: "Espelho". À base do improviso, saiu isto:



ESPELHO

Vejo que alunos me desafiam
A escrever sobre um espelho
E é por esse vidro que vejo
As pessoas que em mim confiam.

De um lado, mainha
Na moldura os críticos
Mas eles me chamaram de rainha
E é com esse elogio que eu fico.

Foi desse pedaço de vidro
Que saiu o meu reinado
Mostrei aos alunos o que mais faço
Através dos meus versos espelhados.



(Barreiros, março de 2016).
OBS: Fui aplaudida! Rsrs